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SASE e Zero Trust: Segurança sem Fronteiras para Empresas Híbridas

  • Foto do escritor: Vicente de Lucca
    Vicente de Lucca
  • 1 de out.
  • 11 min de leitura

Atualizado: 8 de out.


Imagine o seguinte cenário: numa manhã de segunda-feira, o CIO de uma empresa de serviços em São Paulo descobre que vários colaboradores remotos não conseguem acessar sistemas críticos porque a VPN corporativa está lenta e instável. Ao mesmo tempo, alertas de segurança indicam tentativas de acesso suspeitas vindas de um dispositivo desconhecido usando as credenciais de um gerente que acabou de entrar no escritório. Situações assim ilustram as dores atuais de empresas com escritórios distribuídos e equipes com trabalho híbrido: instabilidades de rede, riscos no acesso remoto, dificuldade de integrar voz e dados com qualidade, e uma crescente complexidade de compliance diante de um ambiente sem perímetros claros.


Para enfrentar esses desafios, surge uma nova abordagem de rede e segurança chamada SASE (Secure Access Service Edge), aliada ao princípio de ZT (Zero Trust). Juntas, essas estratégias criam um modelo de segurança sem fronteiras, no qual cada usuário, dispositivo ou aplicação é continuamente verificado e protegido, não importando de onde esteja se conectando. Em ambientes corporativos distribuídos, com sedes administrativas, escritórios comerciais e operações espalhadas – o SASE e o Zero Trust têm se mostrado revolucionários ao conciliar alta performance de rede com proteção robusta, simplificando operações e gerando valor estratégico para o negócio.


Com SASE e Zero Trust, profissionais podem trabalhar de qualquer lugar com conexões ágeis e seguras, unificando voz e dados sem abrir mão da proteção.


Desafios de Redes Corporativas Modernas


Os modelos tradicionais de TI baseados em perímetro (onde tudo que está dentro da rede da empresa é confiável) não acompanham a realidade atual. Hoje, aplicações estão na nuvem, funcionários acessam sistemas do home office, do coworking, do aeroporto – e dispositivos pessoais (BYOD) convivem na rede com ativos corporativos. Esse novo contexto traz dores bem conhecidas dos CIOs e gerentes de TI:


  • Instabilidade e desempenho inconsistentes: Links MPLS legados e VPNs sobrecarregadas podem tornar a experiência do usuário imprevisível, prejudicando videoconferências, sistemas ERP e outras aplicações críticas. Equipes híbridas sofrem quando a rede oscila, afetando a produtividade. Eventos recentes mostram, por exemplo, que VPNs tradicionais sofrem queda sob alto volume de usuários remotos, causando interrupções e frustração.


  • Segurança de acesso remoto: Com colaboradores distribuídos, aumenta o risco de acessos não autorizados e ataques via credenciais comprometidas. Sem controles adequados, um funcionário pode conectar-se de uma rede Wi-Fi pública insegura e expor dados da empresa. Ataques baseados em phishing e roubo de senhas encontram terreno fértil se não houver verificação robusta de identidade e postura de dispositivos.


  • Integração de voz e dados complexa: Muitas empresas ainda mantêm infraestrutura de telefonia separada (PABX, links dedicados) e enfrentam dificuldade em unificar a comunicação de voz com ferramentas digitais. Chamadas de voz concorrendo com dados sem QoS adequado geram reclamações de qualidade.


  • Compliance e visibilidade: Leis como a LGPD e padrões como ISO 27001 exigem controle e auditabilidade de acessos. Em redes fragmentadas, coletar logs, rastrear quem acessou o quê e gerar relatórios de conformidade torna-se um pesadelo operacional para TI. A falta de visibilidade centralizada aumenta o risco de não-conformidade e multas. Por exemplo, regulamentos como o GDPR (regulamento europeu sobre proteção de dados) preveem penalidades de até 4% do faturamento global anual para incidentes de segurança e vazamento de dados – pressionando as empresas a aprimorar seus controles e auditoria[1].


Esses desafios não são abstratos – impactam diretamente os resultados do negócio. Por exemplo, instabilidades de rede podem atrasar fechamentos de vendas ou causar má impressão a clientes em reuniões virtuais; falhas de segurança podem resultar em multas ou danos reputacionais; e uma comunicação não integrada pode significar gastos duplicados e menor agilidade da equipe.


SASE: Rede e Segurança Unificadas na Nuvem


A arquitetura Secure Access Service Edge (SASE) foi concebida justamente para responder a essa nova dinâmica. Em vez de empilhar diversos appliances de segurança e links dedicados em cada filial, o SASE integra funções de rede e segurança como serviços em nuvem. Isso inclui recursos como SD-WAN inteligente, firewall de próxima geração, Secure Web Gateway, CASB (Cloud Access Security Broker) e políticas de Zero Trust Network Access (ZTNA) – tudo orquestrado de forma centralizada. Grandes fabricantes oferecem plataformas unificadas que entregam esse conjunto de serviços, como o Cisco Umbrella, o FortiSASE da Fortinet, entre outros.


Em termos simples, imagine que a segurança deixa de ser uma fortaleza e passa a ser um guarda-costas que acompanha o usuário onde quer que ele vá. Cada conexão, seja do escritório matriz no Rio de Janeiro, seja de um analista trabalhando de casa em Belo Horizonte, passa pelos serviços SASE na nuvem, que autenticam, inspecionam e filtram o tráfego em tempo real. Essa abordagem traz vários benefícios estratégicos:


  • Acesso seguro e granular: Cada tentativa de acesso é verificada com base na identidade do usuário, tipo de dispositivo, localização e hora. Políticas dinâmicas permitem, por exemplo, bloquear automaticamente um login fora do país ou exigir MFA (autenticação multifator) para acessos fora do horário comercial. Soluções de Zero Trust dos principais fornecedores tornam isso viável – Microsoft Entra ID (Azure AD) e Cisco Duo, por exemplo, permitem aplicar MFA adaptativo, e mecanismos de verificação contínua de conformidade do dispositivo antes de liberar o acesso. Assim, acessos são condicionados ao contexto e risco, fortalecendo a postura de segurança sem prejudicar a experiência do usuário.


  • Melhoria de performance e estabilidade: O SASE normalmente integra tecnologias de SD-WAN, que escolhem automaticamente a melhor rota de rede para cada aplicação. Aplicações críticas (como chamadas do Microsoft Teams ou Cisco Webex) ganham prioridade e rotas otimizadas, reduzindo latência e jitter. Adeus vídeos travando ou ligações picotadas – a experiência do usuário torna-se mais consistente mesmo em conexões instáveis. Não por acaso, a maioria das organizações observa ganhos significativos de desempenho após adotar SASE – 65% reportaram melhora na performance da rede após a implementação, segundo estudo da IDC [2]. A Cisco também registrou em clientes até 50% de aumento de performance em aplicativos-chave com essa convergência de rede e segurança[3] .


  • Redução de custos e complexidade: Ao convergir funções, o SASE simplifica a infraestrutura. Empresas conseguem trocar links MPLS caros por conexões de Internet comum (protegidas pelo SASE), aproveitando a resiliência da nuvem. Também diminuem a quantidade de equipamentos físicos para gerenciar em cada site – em vez de diversos firewalls, proxies e roteadores espalhados, tem-se uma plataforma unificada. Equipes de TI passam a lidar com uma única console central em vez de múltiplos sistemas dispersos, liberando tempo para focar em iniciativas estratégicas em vez de “apagar incêndios” técnicos. Os impactos financeiros podem ser notáveis: organizações relatam economia de 30% nos custos de conectividade ao substituir MPLS por banda larga gerenciada via SASE[4], além de mais de 40% de redução nos gastos operacionais (opex) graças à consolidação de fornecedores e ferramentas[3] . Esses recursos economizados podem ser reinvestidos em inovação.


  • Compliance facilitada: Cada acesso pelo modelo SASE deixa um rastro auditável na nuvem. Relatórios unificados mostram quem acessou quais sistemas, de onde e quando, simplificando auditorias e a aumentando a aderência a normas como LGPD e padrões ISO 27001. Se antes preparar dados para uma inspeção de TI era muito dispendioso, com SASE as informações já estão centralizadas e prontas para uso. Além disso, o SASE permite definir regras globais de tratamento de dados – por exemplo, garantindo que dados sensíveis de clientes europeus só trafeguem e fiquem armazenados em data centers na Europa, para atender ao GDPR. Essa capacidade de enforcement regional de políticas ajuda a reduzir o risco de não-conformidade e as multas associadas. Com integração de CASB e SWG na nuvem, a plataforma SASE monitora e impede violações em tempo real, oferecendo às empresas um aliado valioso para navegar no complexo cenário regulatório.


Zero Trust: Nunca Confiar, Sempre Verificar


Um dos pilares do SASE – e da segurança moderna – é o conceito de Zero Trust. Diferentemente do antigo paradigma “confiar, mas verificar”, o Zero Trust parte do princípio “nunca confiar por padrão”. Todo e qualquer acesso, seja originado na rede interna da empresa ou externamente, precisa provar suas credenciais e conformidade continuamente.


Na prática, implementar Zero Trust significa adotar medidas como:


  • Autenticação forte e contínua: Usuários devem se autenticar com múltiplos fatores e dispositivos devem ser verificados quanto à postura de segurança (atualização de patches, antivírus ativo, configurações em conformidade etc.) antes de acessar recursos sensíveis. Ferramentas de identidade e acesso dos fabricantes líderes de mercado tornam isso possível. Por exemplo, Cisco ISE (Identity Services Engine) ajuda a aplicar controle de identidade e acesso nas redes corporativas, garantindo que só dispositivos autorizados (sejam corporativos ou pessoais registrados) se conectem à rede – inclusive no Wi-Fi da empresa. Associado a isso, soluções como Microsoft Entra ID e Cisco Duo viabilizam MFA adaptativo e autenticação contínua dos usuários, reduzindo drasticamente a chance de um invasor usar credenciais roubadas para acessar dados críticos.


  • Microsegmentação: Dentro da filosofia Zero Trust, a rede é dividida em microsegmentos isolados. Ao invés de todos os sistemas “falarem com todos”, estabelece-se que, por exemplo, o servidor de RH não deve se comunicar livremente com o servidor de Produção. Cada segmento tem regras estritas e, mesmo se um invasor conseguir comprometer uma máquina, ele encontrará “paredes” impedindo movimentos laterais. Ferramentas de microsegmentação podem ser implementadas via políticas de segmentação em firewalls de próxima geração (a Fortinet, por exemplo, incorpora microsegmentação em seu Security Fabric via firewalls internos). Os benefícios aparecem de imediato: reduz-se drasticamente a superfície de ataque e qualquer incidente fica contido a um ponto mínimo. Estudos demonstram que a microsegmentação bem implementada pode reduzir a exposição a ataques na rede corporativa, melhorando também a detecção e resposta a ameaças. Em outras palavras, mesmo que alguém consiga entrar em um segmento, dificilmente conseguirá se mover para outros.


  • Aplicações invisíveis na internet: Com Zero Trust, serviços corporativos não ficam expostos livremente online. Emprega-se tecnologias de proxy seguro e ZTNA que tornam os aplicativos invisíveis a varreduras externas, acessíveis apenas após autenticação e verificação de identidade. Soluções como o Microsoft Entra Private Access implementam esse conceito “going dark”, onde nenhum serviço aceita conexão sem pré-autenticar quem está do outro lado. Isso evita que atacantes detectem portas ou interfaces abertas – em vez de expor um servidor na porta 443 esperando conexões (como na arquitetura tradicional), o ZTNA primeiro valida a identidade e postura do cliente, para só então conectá-lo via um túnel seguro ao aplicativo. Essa abordagem também mitiga ataques automatizados de malware e varreduras de bots, além de bloquear tentativas de DDoS diretamente contra sistemas da empresa.


  • Política de privilégio mínimo: Ninguém acessa mais do que o absolutamente necessário para sua função. Mesmo administradores de TI têm contas separadas para tarefas do dia a dia e tarefas sensíveis, evitando que a credencial de um administrador generalista dê o acesso irrestrito a um invasor. Além disso, acessos privilegiados devem ser temporários e devem requerer aprovações adicionais – o chamado modelo just-in-time. Por exemplo, um administrador só eleva seus privilégios para alterar a configuração de um servidor após solicitar e receber aprovação, e tais privilégios expiram automaticamente após um curto período. Isso limita drasticamente o impacto de credenciais comprometidas. O resultado? Mesmo que um funcionário desatento clique em um e-mail de phishing ou use uma senha fraca, o invasor encontrará camadas adicionais de autenticação e redes segmentadas – dificultando enormemente um ataque cibernético de sucesso. De fato, pesquisas da Forrester indicam que empresas implementando arquiteturas Zero Trust experimentam queda de até 50% no número de falhas de segurança, e conseguem reduzir em 40% o tempo de contenção e correção de incidentes graças a esses controles granulados[5]. Ao adotar Zero Trust, muitas organizações têm equilibrado segurança e usabilidade: os colaboradores quase não percebem barreiras no dia a dia (conexões legítimas fluem rapidamente), enquanto atividades anômalas são bloqueadas de forma automática. Em outras palavras, cria-se uma cultura de confiança adaptativa: verificar sempre, mas de forma transparente para o usuário final.


Integração de Voz, Dados e Produtividade


Além de proteger e otimizar a rede de dados, as soluções modernas precisam contemplar a comunicação unificada. Um ponto de dor frequente em ambientes corporativos é manter separados o mundo da telefonia e o mundo dos aplicativos em nuvem. Com equipes híbridas espalhadas geograficamente, faz cada vez menos sentido depender de telefones fixos na mesa ou de PABXs locais antiquados.


É aqui que tecnologias como o Direct Routing com Microsoft Teams (ou soluções equivalentes de telefonia em nuvem, como o Cisco Webex Calling) entram em cena. Em vez de pagar por centrais telefônicas físicas em cada escritório e múltiplas linhas telefônicas tradicionais, a empresa pode integrar o Microsoft Teams (que já é utilizado pelos colaboradores para chat e videoconferência) diretamente à rede pública de telefonia via SIP. Com o Direct Routing, usuários fazem e recebem ligações externas no próprio Teams, seja no notebook ou celular, usando a infraestrutura de Internet existente. Como o SASE/SD-WAN provê conectividade otimizada e segura, até mesmo essas chamadas VoIP trafegam cifradas e com prioridade, garantindo qualidade de voz comparável à de um telefone convencional, porém com muito mais flexibilidade. Uma arquitetura SD-WAN bem configurada consegue melhorar a qualidade de chamadas de voz em relação a links tradicionais sem otimização, graças à redução de jitter, perda de pacotes e latência.


Os benefícios palpáveis incluem redução de custos – elimina-se a necessidade por múltiplos contratos de operadoras e despesas de manutenção de PABX. Apenas substituindo planos de telefonia tradicionais por chamadas via Teams, grandes empresas têm economizado significativamente em suas faturas telefônicas, todo mês. Além da economia, há maior produtividade: a equipe pode atender clientes de qualquer lugar, usando seu ramal corporativo, sem precisar estar no escritório. Por exemplo, um gerente em home office em Niterói atende pelo mesmo número de sempre através do Teams no notebook, e para o cliente não há diferença alguma. Tudo isso aproveitando a estrutura de rede robusta que o SASE/SD-WAN oferece, com redundância de links garantindo que a chamada não caia mesmo se uma rota de Internet falhar.


Essa integração de voz e dados também simplifica o compliance: gravações e logs das ligações ficam centralizados na plataforma digital (Teams ou similar), facilitando auditorias e monitoramentos – o que é especialmente útil em setores como financeiro ou saúde, que possuem requisitos regulatórios sobre comunicações. Novamente, vemos a tecnologia de rede trabalhando a favor do valor estratégico: comunicação ágil, segura e alinhada às necessidades do negócio digital, em vez de ser um silo separado.


Conclusão e Próximos Passos


As organizações que investem em SASE e Zero Trust estão essencialmente construindo um ambiente resiliente e pronto para o futuro. Em um mundo onde fronteiras físicas importam cada vez menos, a segurança precisa estar presente em cada conexão, e a rede deve ser inteligente para dar prioridade às necessidades do negócio em tempo real. CIOs e líderes de TI que adotam esse caminho relatam não só melhorias técnicas, mas resultados de negócio: equipes mais produtivas, clientes mais satisfeitos (pela estabilidade dos serviços) e maior capacidade de rapidamente incorporar novas tecnologias – como IoT e analytics – de forma segura.


Se a sua empresa enfrenta dores como links congestionados, múltiplas ferramentas desconectadas e preocupação constante com auditorias de TI, vale a pena considerar uma prova de conceito de SASE. Com apoio de uma integradora experiente, é possível mapear um projeto piloto (por exemplo, conectando algumas filiais-chave ou um grupo de usuários remotos críticos) e medir os benefícios em poucas semanas.


A Port se posiciona como parceira nessa jornada de transformação de rede e segurança. Somos uma integradora de soluções especializada em ambientes corporativos. Nossa equipe possui experiência nas tecnologias líderes do mercado – Cisco SD-WAN, soluções de segurança em nuvem, identidade corporativa (Cisco ISE, Microsoft Entra) e todas as peças do ecossistema SASE. Somos parceiros oficiais de fabricantes como Cisco, Fortinet e Microsoft, entre outras referências do setor, o que nos dá expertise de ponta em SASE, segurança zero trust, nuvem e redes corporativas. Do planejamento à implementação e suporte gerenciado, atuamos lado a lado com o time do cliente para garantir que a transição seja tranquila e alinhada aos objetivos estratégicos.


Call to Action: Quer descobrir como SASE e Zero Trust podem revolucionar a infraestrutura da sua empresa? Entre em contato com a Port para uma consultoria personalizada. Estamos prontos para ajudar você a implementar uma rede mais rápida, segura e preparada para os desafios do futuro – porque proteger o seu negócio não tem fronteiras quando você conta com as soluções certas.


Referências:


1.      Fortinet, SASE Benefits for Enterprises: Enabling Secure Access at Scale – Pesquisa IDC/Gartner sobre adoção de SASE e ganhos de performance e segurança [1] [2] [5]


2.      Cisco, How SASE converges networking and cloud security to support superior digital experiences – Redução de OPEX e aumento de performance com SASE[3].


3.      Palo Alto Networks, Case Study – LOLC Holdings – Redução ~30% custos de infraestrutura de filiais com Prisma SASE [4]

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